sexta-feira, junho 25, 2004

Retalhos da vida de meu Pai (I)

A vida hospitalar com tudo o que tem de sofrimento e dor tem, muitas vezes, aspectos gratificantes sob o ponto de vista pessoal e profissional.
Existem, como em todos os ambientes de trabalho, situações que, pelo ridículo e caricato, acabam por se tornar cómicas.
Há alguns anos, um então jovem interno de Urologia foi enviado ao Serviço de Urgência pelo seu tutor, para observar um doente por prostatismo.
Empertigado, esticadinho e sobranceiro quando chegou ao Serviço de Urgência encontrou um velhote sentado num banco, com ar de quem espera. Sem perguntar nada, do alto da sua sobranceria, ordenou ao infeliz que o seguisse.
Já no gabinete de observação mandou-lhe, secamente, que despisse as calças. Atarantado o desgraçado ainda perguntou:
- “ Sr. Dr., mas acha mesmo que é mesmo preciso”?
- “Se não o fosse eu não lho pediria. O médico é que sabe o que é preciso ou não”, retorquiu o jovem do alto do seu saber.
Obediente e submisso o pobre homem despiu as calças, colocou-se em posição de prece maometana e quando o sábio, de dedo em riste, se preparava “para a estocada”, entrou um enfermeiro que lhe gritou:
-“ Ó Sr. Dr., não é este o doente. Este senhor é o marido da doente da cama 5”!
Que prova de amor a deste homem! Disposto a despir as calças, ser “tocado” e mais que fosse, pela oportunidade de poder ver e visitar a sua mulher, doente e internada na cama 5!
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