domingo, fevereiro 22, 2004

Ressurreição?

Ainda durante a ditadura havia um jornalista que chegou a gozar de alguma celebridade, por escrever no jornal “República” farpas queirosianas contra algumas figuras gradas do regime (algumas delas micaelenses!). Após a Revolução, creio que ainda em 1974, era necessário destruir a “perigosa” direita, nessa altura brilhantemente representada por Freitas do Amaral e Amaro da Costa.
Para isso foi o verrinoso jornalista convocado para entrevistar Freitas do Amaral na TV.
Naquela altura as entrevistas e debates políticos tinham enorme importância para os que, habituados a viver em ditadura, não estavam com eles familiarizados e eram uma novidade saborosíssima.
O distinto jornalista entrou a matar e pronto a “farpear” senão mesmo “estocar”, o então jovem, incómodo e supostamente inexperiente político. Com uma compostura, lucidez e serenidade admiráveis Freitas do Amaral “derreteu” o fogoso jornalista. De nada valeram ao jornalista os gritos, os gestos, o desespero. Foi publicamente destruído e, coberto de vergonha e de ridículo, desapareceu. Nunca mais se ouviu falar dele!
Agora, trinta anos passados, apareceu na TV a lançar um livro! Inteiro, com braços, pernas e tudo. Ainda bem. Cheguei a julgar que se suicidara. Do antigamente já só conserva o nome. Chama-se ainda Artur Portela, Filho.


Por Carlos

A vantagem de estar "em casa" é poder "visitar" estas e outras memórias do meu pai.
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